Nesse ambiente instável, os bancos públicos desempenham um papel
estabilizador crucial do volume de crédito durante o ciclo econômico. O
comportamento anticíclico do crédito ofertado por instituições financeiras
públicas tem sido reconhecido até mesmo por economistas conservadores e
comprovado por diversos trabalhos empíricos. Estudo realizado por dois
economistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento – Alejandro Micco &
Ugo Panizza. Bank ownership and lending behavior, *Working Paper*, n. 520,
novembro de 2004 –, por exemplo, encontrou evidências de que os empréstimos
realizados por bancos públicos são 84% menos pró-cíclicos do que o dos
bancos privados e que não há diferenças significativas no comportamento de
bancos privados nacionais e estrangeiros. Ou seja, os bancos públicos
contraem menos os empréstimos durante os períodos recessivos e aumentam
menos durante os períodos expansivos. Com isso, estabilizam o volume de
crédito, desempenhando um papel contracíclico. Por meio de uma amostra de
empréstimos bancários de 27 países desenvolvidos e 92 países em
desenvolvimento no período 1995-2002, os autores constaram ainda que a
pro-ciclicalidade do crédito bancário tende a ser maior nos países em
desenvolvimento do que nos países desenvolvidos. Constatação que reforça
ainda mais importância dos bancos públicos na estabilidade do volume de
crédito durante o ciclo econômico nesses países.